Wednesday, December 01, 2004

Estudo "Design Gráfico - uma história concisa", parte I

Esse é a parte I de uma série sobre o estudo do livro "Design Gráfico - Uma História Concisa", de Richard Hollis.

Estive lendo "Design Gráfico – Uma História Concisa", de Richard Hollis. Estou no início do primeiro capítulo apesar de estar há alguns dias com o livro. A leitura da introdução despertou diversas curiosidades e acabei, em paralelo, pesquisando sobre coisas que o autor cita apenas superficialmente ou que nem mesmo cita, mas deixa o "buraco" perceptível.

À medida que vou avançando na leitura e pesquisando impulsionado pelos estímulos que recebo, vou ganhando uma nova visão sobre a profissão do designer gráfico, identificando seus principais avanços durante a história e ganhando um repertório visual bastante enriquecedor, o que me parece fundamental para qualquer 'criador gráfico' que deseje aprofundar-se em sua atividade.

Profissão do designer gráfico


A profissão de designer gráfico surgiu em meados do século XX; antes suas atividades eram realizadas pelos chamados "artistas comerciais", ilustradores de todos os tipos (faziam desde diagramas mecânicos até desenhos de moda). Identificar, informar e instruir e apresentar e promover são as principais funções do design gráfico.

Inicialmente voltado para a organização das informações principalmente em papel para anúncios publicitários, passou a atuar também nos jornais e revistas em que eram veiculados.

O pôster artístico



"La Loie Fuller", 1893 - Jules Chéret

O pôster artístico inclui-se na função de apresentar e promover. Antes da invenção da litografia, os pôsteres eram impressos como os livros, por tipografia, em branco e preto contendo ocasionais ilustrações xilográficas. A técnica da litografia ofereceu maior liberdade de criação através da possibilidade de reprodução de toda gama de cores e tons das pinturas a óleo; os artistas pintavam o design do pôster, que era transferido à mão para as pedras litográficas – uma para cada cor -, chegando as vezes a utilizar quinze delas. O francês Jules Chéret desenvolveu um sistema de impressão de três ou quatro cores, por ele e outros artistas utilizada na década de 1890. Agora eles mesmos pintavam diretamente nas pedras litográficas, dando acesso direto aos artistas ao processo de reprodução.

"La Revue blanche", 1894 - Pierre Bonnard

Chéret é um dos principais nomes dessa época, cujo estilo influenciou artistas como Pierre Bonnard e Tolouse-Lautrec. Os pôsteres nessa época consistiam quase sempre de uma única figura solitária na página, livre de perspectiva e na maioria das vezes 'flutuando', com um pequeno título e ocasionalmente um slogan. "A figura solitária e o texto mínimo continuaram sendo a combinação mais utilizada de palavra e imagem. Essa fórmula era a base dos pôsteres produzidos na Europa e nos Estados Unidos na virada do século.", diz Hollis. As letras das palavras eram desenhas à mão pelo próprio artista, o que dava um aspecto tosco porém bem integrado ao design.

Outras características dos pôsteres nessa época é que não possuiam luz, sombra ou profundidade.

"(...) o desenho é trabalhado em cima do contorno, da cor uniforme e de uma folha em branco, como se fosse um mapa. Os traços-chave são utilizados como uma espécie de fronteria entre uma cor e outra. (...)"

"O contorno firme e as cores uniformes refletem a paixão do artista pelas xilogravuras dos japoneses, cujos trabalhos, exibidos nas mundiais de Paris em 1867 e 1878, exerceram uma influência dominante na estética daquele período. (...) As gravuras japonesas e a influência da fotografia estimularam o uso do espaço no retângulo vertical, algo incomum na época. Imagens retratadas de baixo, como no pôster Bécane, de Edouard Vuillard, e figuras cortadas, cujo exemplo mais notável é o Aristide Bruant das son cabaret, de Lautrec, enfatizam a decorativa falta de relevo do desenho e lembram a espontaniedade dos instantâneos fotográficos."

"Aristide Bruant em seu cabaré", 1893 - Toulouse-Lautrec

Diferença entre design gráfico e obra de arte


O design gráfico diferencia-se da obra de arte por duas principais características: a) a peça que produz atende às exigências de um cliente e não necessariamente condiz com os pensamentos do autor, e precisa ser em uma linguagem entendida pelo público-alvo; e b) precisa se adequar à produção mecânica.




Próximo post pretendo compartilhar um pouco da minha pesquisa em torno do que aconteceu antes da litografia. Richard Hollis não fala muito sobre isso e fiquei curioso para conhecer os pôsteres tipográficos. Não os encontrei, mas em compensação encontrei diversas outras coisas bem interessantes que definitivamente valem o post.

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