Tuesday, February 22, 2005

Ingmar Bergman

Ingmar Bergman, cineasta sueco. As duas únicas obras que assisti de sua autoria, "O Sétimo Selo" e "Morangos Silvestres", já serviram pra me marcar profundamente e desencadear uma reflexão a respeito de meu próprio estado e modo de viver. Por isso essa foto ao lado tem grande significado pra mim; minha imaginação se apressa em preenchê-la com a interação entre o autor e as idéias que permeam seus filmes, como se fosse suas próprias reflexões refletidas na imagem. Seus personagens principais costumam estar na linha que ele observa, entre a ascensão ao céu e a imersão na escuridão da terra. E nesses dois filmes que assisti, a lição que ele passa, com grande sensibilidade, é a de que o 'fechar-se em si mesmo', o egoísmo, o individualismo, é a causa da angústia e perdição do homem; e a 'solução' é abrir-se ao outro, comunicar, preocupar-se com o outro, amar. Isso aparece em todo o desenrolar do "Morangos Silvestres". No "Sétimo Selo" torna-se claro quando o protagonista, em sua busca solitária e sofrida pelo sagrado, define sua fé como 'a amada que permanece na escuridão e não aparece quando chama' e diz logo em seguida que se esquece disso quando está na presença daquele casal feliz com quem conversa, e que guardará pra sempre aquela lembrança, da luz do entardecer batendo em seus rostos, o ator tocando sua música, o bebê... e logo depois sai para jogar xadrez com a morte, com um sorriso triunfante.

Essa idéia está presente também em dois dos filmes do Richard Linklater: Waking Life e Antes do Amanhecer. Em um dos diálogos do Waking Life é dito:

"And so much of our experience is intangible. So much of what we perceive cannot be expressed. It's unspeakable. And yet, you know when we communicate with one another, and we feel that we've connected, and we think that we're understood, I think we have a feeling of almost spiritual communion. And that feeling might be transient, but I think it's what we live for."
Essas são respostas diretas à tendência dos nossos tempos de isolamento e individualismo: o homem não encontra sentido nisso. E acredito que eles alcançam sucesso em fazer-nos refletir a respeito, com grande sensibilidade, através da arte.

No comments: